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domingo, 15 de agosto de 2010

Para que tanta exposição?

As redes sociais, blogs, bate-papos, fóruns e outros sites de relacionamento foram acessadas em maio por 87% do total de 37,7 milhões de internautas ativos no Brasil, de acordo com dados divulgados pelo Ibope Nielsen Online. Os internautas brasileiros também são o que passam mais tempo neste tipo de site - quase um a cada quatro minutos de navegação na internet.

Aproximadamente 83% das pessoas afirmaram utilizar o serviço por motivos pessoais. Mas o uso profissional não foi descartado, já que 33% dizem que utilizam as redes para trabalhar também. Entre as atividades desenvolvidas nesses ambientes, o envio de mensagem e a navegação têm 98% da preferência do usuário, enquanto que a atualização de perfil e conversação empatam com 76%.

Segundo a Nielsen, empresa que oferece serviços de mensuração e análise de dados de navegação na internet, o Facebook é o líder das redes de relacionamento no mundo, com 108,3 milhões de usuários únicos. No Brasil, entretanto, apenas 2% dos internautas visitam o site, enquanto o Orkut atinge 70% deles - a maior audiência doméstica conseguida por um site de relacionamento.

Orkut e Msn
No Orkut, o que predomina são as frase feitas: “Oi, tudo bem?”; “Pode add?”; “Só passei para desejar um bom fds/boa semana.”; “Tem Msn?”. Já no Messenger, as conversas são mais ou menos assim: “Oi, tudo bem? Tudo sim, e com você? Bem também. Quais são as novidades? Nenhuma, você tem? Não... Preciso ir, tchau. Tchau, até mais.” Mudam-se as palavras, mas a ideia é a mesma, em ambos os casos os diálogos não fogem disso. Mas qual será o motivo para na era digital as pessoas estarem tão frias e pouco entusiasmadas para se levar um papo realmente cabeça e produtivo?

Pensando nisso, refleti sobre amizade virtual nos dois principais sites de relacionamento do Brasil até o momento – Orkut e Msn. No primeiro, existe o “Orkut árvore de Natal”, no qual o usuário adiciona amigos somente para enfeitar sua página principal. Quando não, a pessoa cria o “Orkut Multinacional”, que por sua vez, considera seus amigos como se fossem meros números, e adiciona outros usuários Brasil afora somente para aumentar sua popularidade no site.

O Orkut também serve de ponte para o Msn (como mencionado nas frases feitas), pois é através dele que o “produto” pode ser melhor analisado - a partir de fotos. Se houver o interesse de uma conversa mais íntima, com direito até a chamada de vídeo, os novos amiguinhos virtuais migram para o Messenger, e o que vai se desenrolar por lá já não posso dar maiores detalhes, mas outros sites fazem o favor de divulgar as pérolas e fetiches de usuários que costumam se expor em uma webcam.

Para que se expor tanto?
Recentemente, decidi excluir todas as minhas fotos do Orkut, pois por incrível que pareça, elas estavam me afetando negativamente no âmbito social. Em qualquer lugar que eu ia, sentia a necessidade de reportar o momento através de imagens, porém, não pra mim, para os outros – queria fotografar para colocar no Orkut (que vergonha dizer isso, mas é verdade! E acho que muitos fazem o mesmo). Além disso, deletar meus ábuns do site foi uma decisão que também faz referência a uma forma de pensar muito particular minha – não quero encantar por fotos, mas sim, com minha forma de pensar e agir.

Para não ir muito longe, vou citar um exemplo que aconteceu há alguns dias atrás. Um estudante da minha faculdade resolver criar um blog para escrever sobre seus companheiros de graduação – ele, possivelmente, “roubava” as fotos do Orkut da pessoa, e a partir daí, fazia uma análise falando super mal de seus desafetos. Resultado: o blog ficou poucos dias no ar e seu criador já está sendo investigado pela Delegacia de Crimes Virtuais.

Nos sites de relacionamento também existem pessoas que sentem uma vontade louca de compartilhar com o mundo onde estão, o que estão fazendo e o que pretendem fazer. Confesso que acho isso muito estranho, pois até pouco tempo atrás estavam na moda os diários pessoais, que eram guardados a sete chaves pela pessoa, e nem os pais tinham direito de saber o que neles estava escrito. Hoje, o nickname do Msn e o Twitter fazem o favor de abrir sua agenda para quem quer e até mesmo quem não quer saber sobre sua vida. Aí eu me pergunto, para que tanta exposição?

Graduado em Processamento de Dados, Hemerson Ravaneda diz, em artigo publicado no site www.artigonal.com, que um perfil público na internet, em qualquer site de relacionamento, pode mostrar muito de você aos seus amigos, mas também irá mostrar ao mundo, o que faria de você uma presa fácil para criminosos. “Sabem seu nome, seus parentes, através dos comentários das fotos aprendem sobre seus hábitos, costumes e preferências, sabem seus horários, sabem tudo sobre você. E com um pouco de análise, cruzando os dados que você mesmo os deu, eles podem saber mais que você”, afirma.

Usando o Twitter como exemplo, será que todos os seus contatos desejam saber o horário que você acordou, o que comeu, se está embriagado, de ressaca, se vai na missa ou na balada, se está pra rua ou em casa? Será que vale a pena deixar o livro de sua vida aberto para mundo? Se abrir com uma pessoa que você conhece já lhe pode render muitas decepções, imagine então com quem está do outro lado da tela do computador e você nem sabe suas intenções e se o ser é mesmo real... É, aos poucos pretendo voltar no tempo, retrocedendo desses sites para o e-mail, do e-mail para o telefone e do telefone para o contato pessoal, quem quiser vir comigo beleza, quem não quiser me desculpe, mas não quero deixar de ser seu amigo e para me tornar seu paparazzi. E mais tarde, não venha me falar que sumi, pois se me conhece apenas pela internet, duvide se posso mesmo existir.