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segunda-feira, 7 de março de 2011

Da mãe que entrega o filho à polícia ao filho que mata os próprios pais‏

“O que eu vou fazer? Ficar passando a mão na cabeça? Admitindo que meu filho assalte? Que meu filho mate? Que meu filho use drogas? Não posso admitir e concordar. Ele só tem 13 anos”, lamentou a mãe, em entrevista ao Jornal Hoje, edição do dia 2 de março. Ela decidiu entregar o filho à polícia, depois de flagrá-lo distribuindo chocolates, balas e cigarros roubados de uma lanchonete. A mãe até tentou, na base da conversa, orientar os bons modos ao adolescente. “Ele não escutava mais. Eu não tinha forças. Não tinha mais o que fazer. Era como se eu sentisse que tinha perdido o meu filho”, revelou a mãe à reportagem do jornal da hora do almoço, da Rede Globo.

Contudo, o polícia seria a salvação para o garoto? Para o psicólogo Aderson Costa, a resposta é não. Segundo ele, a qualidade das instituições de recuperação de jovens infratores não é boa. “Elas se parecem mais faculdades de crime do que um contexto educativo. Elas precisam de urgentes modificações”, garantiu Costa, ao Jornal Hoje.

O garoto já está em liberdade e agora aguarda julgamento da Vara da Infância.

A mãe, antes de entregá-lo à polícia, já estava imaginando o potencial criminoso que o filho poderia se tornar quando chegasse a maior idade. Mas, dificilmente ela iria acreditar que seu garoto pudesse fazer o mesmo que o jovem Cristiano Pereira, de 22 anos. Pereira foi capaz de matar os próprios pais a facadas, depois de afirmar que já não aguentava mais a cobrança, dentro de casa, para que arrumasse um emprego.

Em depoimento à polícia, o jovem relatou que matou o pai por causa da cobrança. Já a mãe, foi assassinada quando tentava ajudar a preservar a vida do marido. Depois do crime, Pereira ainda tentou se livrar das roupas com vestígios de sangue. “A morte com arma de fogo é uma coisa. Com faca é totalmente diferente. Então aquela frieza, aquela maldade, aquela crueldade, e você conversa com ele e ele está tranquilo. Chora de vez em quando, para, mas não é aquela coisa de estar desesperado”, disse a delegada de homicídios, Liane Vitiello, em entrevista ao Jornal da Globo, na edição de 2 de março.

Fiquei perplexo quando vi as duas reportagens na TV, e o pior, por serem exibidas no mesmo dia. Não tinha como deixar de fazer uma analogia entre os casos. Estava almoçando quando tomei conhecimento da história da mãe que entregou o filho à polícia. Continuei minha rotina daquela quarta-feira e, para minha surpresa, antes de dormir, ligo a TV e tomo conhecimento do caso em que um filho mata os próprios pais, pelo simples motivo de estar sendo cobrado para que arranjasse um emprego.

“Você culpa seus pais por tudo; isso é absurdo; são crianças como você; o que você vai ser; quando você crescer?”. Os versos são conhecidos, da música “Pais e Filhos”, da Legião Urbana, trouxe eles para dentro deste texto porque não encontrei melhor forma para finalizá-lo, senão deixar os leitores refletindo as situações descritas aqui, sob o som de fundo da banda que tentou pregar a paz enquanto encantava o Brasil com suas letras.



Leia as duas reportagens na íntegra:
Mãe entrega o filho adolescente à polícia depois de assalto em Brasília
Jovem mata os pais a facadas em SP

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