domingo, 28 de março de 2010
Primeira pessoa
“Os opostos se distraem, os dispostos se atraem”, utilizo a conhecida frase da banda “O Teatro Mágico” para descrever um caso de amor vivido por dois jovens de personalidades totalmente diferentes, mas que conseguiram se adaptar aos “defeitos” um do outro e encontraram qualidades que não eram visíveis aos seus olhos por preconceitos que carregavam desde a infância. O problema é que ele sempre acreditou na existência do amor e ela sempre foi muito cética em relação a tal sentimento.
Ela curte rock, ele prefere o samba. Enquanto ela procura manter os pés no chão, ele vive sonhando como uma criança. Ela aparenta ser muito fria, ele por sua vez, exala emoção. Se dela é difícil ouvir um sim, ele já não consegue dizer não.
Ela gosta de acordar cedo, curtir o nascer do Sol, diz que dessa forma consegue aproveitar mais o dia, quando aumenta sua disposição. Ele é um adorador da noite, funciona bem melhor durante a madrugada, consegue inspiração para escrever, refletindo a vida e não deixando se abater por nada.
Os dois se cruzaram ao acaso, em uma avenida movimentada de São Paulo. Ele enxergou nela uma garota muito especial e muito bonita também, detentora de um sorriso cativante e de olhos mais verdes que os seus. Os cabelos deixaram-no sem comentários, pareciam que foram feitos para serem sacudidos em comercial televisivo de uma grande marca de shampoo. O corpo era simplesmente perfeito, todas as curvas eram proporcionais à beleza descrita até aqui. Ele passou a chamá-la de exótica desde então.
Ela o viu de relance, jura até hoje que não observou nele nada muito especial. Sua razão barra qualquer tentativa de amor precipitado que por ventura venha bater em seu peito. Ela sente a necessidade de gostar de alguém, mas ao mesmo tempo seu medo barra qualquer “ilusão” avistada pelo seu coração.
Devagarzinho ele foi se aproximando, sabia que mais cedo ou mais tarde ela enxergaria nele uma pureza jamais observada nos homens que passaram pela sua vida até então. A primeira conversa arrancou suspiros da garota, ele transmitia muita segurança na oratória, deu conselhos, riu, e aos poucos foi deixando-a segura. Ela pouco falava, morria de vergonha de olhar nos olhos dele, mas cedeu a um pedido e logo estavam de mãos dadas.
Os próximos encontros continuaram na base da conversa. O primeiro beijo saiu somente quatro dias depois, e não foi “aquele beijo” também, foi um selinho roubado por ele quando ela olhou pela primeira vez em seus olhos. A relação foi se solidificando na base da confiança, mas ambos sabiam que era melhor que tudo se encaminhasse com calma, pois vindo fácil, a probabilidade do amor ir embora na mesma facilidade era maior.
Enquanto ele se via mais envolvido, ela não conseguia acreditar em como tudo estava se desenvolvendo. Ela passou a desconfiar da situação, estava com medo de se entregar para alguém que há três semanas atrás nem sabia que existia.
Ele foi demonstrando cada vez mais sua admiração por ela, não conseguia mais tirá-la do pensamento, sua inspiração na madrugada eram os momentos que vinham passando juntos nos últimos dias. Ela por sua vez, começou a duvidar de seus próprios sentimentos. Resolveu ir se afastando aos poucos, alegando que precisava de um tempo para si, para refletir a forma como tudo vinha se desenrolando. Ele teve compreensão, mas foi difícil segurar a saudade de apertar suas mãos.
E de repente ela se afasta de vez, começa a evitá-lo, travando uma batalha com o seu próprio coração. A emoção dizia sim, mas a razão a fazia acreditar que tudo não passava de ilusão. Para ele foi difícil se acostumar com a distância, pois no momento de se conhecer é natural que as pessoas queiram estar próximas umas das outras, para descobrirem as verdades refletidas somente pela troca dos olhares.
Estava complicado para ele aceitar aquela situação, começou até a acreditar que não pudesse mais domar seu coração. Um inexperiente no amor, que viveu um conto de fadas de três semanas. Voltou a sua realidade e também se distanciou, mas agora imaginando que ela pudesse mesmo não ser tudo o que seus olhos haviam visto.
Aí aparece um amigo, que percebendo sua tristeza, pergunta: “Quantas vezes por dia você diz à sua mãe que a ama?”. Ele responde: “Nenhuma, minha mãe já sabe que eu gosto dela”.
Para bom entendedor, meia palavra basta. Seu erro foi ter se entregado logo de cara, mesmo imaginando que ela pudesse ser a mulher de sua vida. Porém, a entrega foi tão grande que acabou assustando a amada. E alguém tira a razão dela? Acho que não, pois a partir do momento em que a pessoa sabe que você está nas mãos dela, a acomodação é natural, e ela passa a acreditar que não terá mais “surpresas” no jogo do amor que está vivendo.
Desde então, todas as noites ele recita os mesmos versos enquanto sonha com ela:
“Se estavas oculta até agora,
Nem quero saber o porquê
Prefiro acreditar em destino,
Pois parecia sonho encontrar você”.
Nesse momento, não consigo imaginar o que ela está pensando. Só sei que os dois gostam demais um do outro e precisam conversar, para tentarem uma reconciliação. Não podem jogar fora uma história digna de roteiro de cinema, com cenas de comédia romântica e momentos típicos de uma fábula melodramática. Se o destino os aproximou, tomara que ele ajude a transformar o orgulho dos dois em uma vontade de pedir perdão mútua. Mesmo porque, se ele errou ao entregar todo o seu coração, ela também pecou por não freá-lo quando passara a se assustar com tal situação.
Não escolhemos por quem vamos nos apaixonar, nem quando e muito menos onde isso vai acontecer. Mas temos de ficar sempre atentos aos sinais, pois nada é por acaso e a grande oportunidade de nossas vidas passa uma vez só pela nossa frente e, se não estivermos preparados, poderemos reclamar a vida toda por não termos achado a primeira pessoa capaz de dar vida aos nossos sonhos.
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7 comentários:
tá vendo como dá para comentar!!!
Mto bom cara, gostei !!!
Ahe Juan..como eu me identifiquei. Especialmente no : "Ela passou a desconfiar da situação, estava com medo de se entregar para alguém que há três semanas atrás nem sabia que existia.". É tanta gente brincando de sentir, que quando encontramos alguém que se entrega de verda, a peimeira reação é o medo.
Muito bom ..Shinbalaiê
Não tem como descrever o amor, algo inesperado que simplesmente acontece e Drummond dizia: "preste atenção nos sinais, não deixe que as loucuras do dia-a-dia o deixem cego para a melhor coisa da vida:
O AMOR!".
"Amor" na minha opinião é complemento. As vezes penso no amor como uma nova cultura que se aprende somente a dois. Há diferenças, então se respeita, absorve, ou ensina. Estamos neste mundo para aprender e fazer isso ao lado de quem se ama não tem coisa melhor.
Belo texto meu amigo...
E acredite o AMOR é algo maior do que diferenças e igualdades, ele é simplesmente inexplicável.
Um grande abraço fica com Deus.
Ps: ("Entre o sol e a lua, há sempre um eclipse.")
Gosteii muito do texto...
Talvez eu tenha uma visão de amor diferente.Mas acho que reagimos com medo quando alguem nos oferece o AMOR.
Aii o amor...
Uma palavra tão pequena mas repleta de emoções, as vezes inexplicável!
É, e muitas vezes pela pressa e falta de atenção na vida e nas pessoas que estão ao nosso lado, deixamos de perceber os sinais , e assim, muitas oportunidades passam e não voltam !
Muito lindo, adorei esse ;)
O amor tem varias formas..bem como iniciar minha analise.. acredito eu que sim as pessoas sao movidas inicialmente pelo medo..estão como disse e volto a dizer o pior ser humano é aquele que tem medo de ser feliz..existem mil motivos para uma relação dar certo e não dar certo..acho que o amor é um sentimento lindo mas sereno é aquele que te traz segurança.. se alimenta da paixão .. uma relação e baseada em confiança, respeito , cumplicidade,eo item principal é o bom humor..a cada dia que passa vejo homens e mulheres que chegam ate mim com a velha frase: Eu ja sofri tanto que não acredito em tal sentimento, ou o amor não existe por que eu amei alguém que não soube me amar : entao eu volto a debater: se amor nao existe o que foi que fez seu coração bater tão forte.. o que foi que fez você ficar a beira do telefone .. ou pensar na pessoa logo no inicio do dia..isso não era amor ? o que a maioria deveria entender é que cada ser humano pensa e principalmente sente de uma forma..alguns são imaturos de mais.. outros maduros de mais.. o fato é que se em cada queda você pegar apenas as coisas boas e formar uma ideia do que VOCÊ quer pra si mesmo(a).. ira perceber que todo sofrimento foi apenas preparo para quando o verdadeiro amor chegar..se todos vivecem mais cada momento junto a alguém ao invez de ficar pensando se vai ou não dar certo ai sim isso seria amar..Drummond fala que :desperdício da vida
está no amor que não damos, nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do
sofrimento,perdemos também a felicidade.
Então não se preucupe em sofrer apenas faça alguém feliz e peça o mesmo desse alguém.O mundo hoje esta cheio de pessoas que não acreditam em amor exatamente pelo fato não encontrar alguém que acredite.Cabe somente a nós mesmos mudarmos isso. Pois são nossas atitudes que define o que realmente somos e queremos .
parabens pelo texto e obrihada pela oportunidade de mostrar a minha visão.
bju évy
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